Vida de Defensora Pública: Adriana Ramos Tenuta e o compromisso com a justiça social

A história de Adriana Ramos Tenuta na Defensoria Pública do Amazonas é um testemunho de dedicação, resiliência e compromisso com a justiça social. Nascida em Manaus, filha de pais migrantes que buscaram na Zona Franca uma oportunidade de futuro, Adriana carrega em sua trajetória a força de uma geração que lutou por melhores condições de vida.

Desde pequena, sempre soube que queria ser advogada. Inspirada por filmes que retratavam a luta por direitos civis, viu na advocacia um caminho para transformar vidas. O interesse pelo direito se intensificou na universidade, onde percebeu o potencial da carreira para impactar positivamente a sociedade. Com essa motivação, decidiu ingressar no serviço público, sendo aprovada na Procuradoria Geral do Município, na Justiça Federal e, finalmente, na Defensoria Pública, onde encontrou sua verdadeira vocação.

Com 21 anos de atuação na Defensoria Pública, Adriana iniciou sua carreira no município de Careiro da Várzea, atendendo em diversas áreas, como cível, criminal e de família. Essa experiência foi essencial para seu crescimento profissional, proporcionando um contato direto com as necessidades da população mais vulnerável.

Em Manaus, seguiu atuando na área cível, iniciando sua jornada na Casa da Cidadania e, posteriormente, no atendimento de família em unidades do PAC. Com o passar dos anos, sua atuação se consolidou nos Juizados Especiais, onde permaneceu por 12 anos, ampliando sua experiência e contribuindo para a resolução de conflitos de forma rápida e eficiente.

Atualmente, Adriana é titular de uma Defensoria Forense Cível e segue atuando nos Juizados Especiais, além de participar do projeto “Adote uma Comarca”, reforçando seu compromisso com a interiorização do acesso à justiça.

Mais do que atuar na defesa de indivíduos, Adriana sempre buscou fortalecer a própria Defensoria Pública. Como diretora administrativa, esteve à frente da transição da sede da Defensoria para um espaço mais adequado, garantindo melhores condições de atendimento. Nesse cargo, também foi responsável pelo primeiro requerimento para concessão de horário diferenciado a mulheres em aleitamento materno, um pedido que resultou na criação de uma legislação que hoje beneficia muitas profissionais.

Adriana também exerceu dois mandatos como conselheira do Conselho Superior da Defensoria Pública, onde participou da construção de políticas fundamentais. Entre suas principais contribuições está a co-relatoria da resolução que instituiu a política de cotas raciais nos certames da Defensoria Pública do Amazonas, garantindo maior diversidade e representatividade na instituição. Além disso, relatou o processo que estabeleceu uma política para pessoas com deficiência dentro da Defensoria, promovendo a inclusão e assegurando direitos fundamentais.

Recentemente, Adriana concorreu ao cargo de corregedora da Defensoria Pública, sendo a única mulher a figurar na lista tríplice escolhida pelo Conselho Superior, demonstrando sua relevância na instituição.

Olhando para o início de sua jornada, Adriana reconhece os avanços conquistados pela Defensoria Pública, mas também aponta desafios. A falta de estrutura física e de pessoal ainda é um obstáculo para garantir atendimento digno e eficiente à população, exigindo melhorias constantes.

Ser Defensora Pública no Amazonas é uma missão que vai além do direito. Significa estar presente nas comunidades ribeirinhas, junto aos povos tradicionais e às populações em situação de vulnerabilidade, assegurando acesso à justiça para aqueles que muitas vezes desconhecem seus direitos.

Para Adriana, a maior inspiração para quem deseja seguir a carreira de Defensor Público está na certeza de que é possível transformar realidades com empatia, coragem e compromisso. “Ser Defensora Pública é estar na linha de frente da justiça social, garantindo dignidade a quem mais precisa. É uma missão que exige sensibilidade para ouvir, força para agir e perseverança para enfrentar os desafios do caminho. A Defensoria não é apenas um espaço de atuação jurídica, é um instrumento de mudança social”, finaliza.