
A trajetória de Thiago Rosas com a Defensoria Pública é marcada por valores familiares que moldaram sua vocação para amparar os mais vulneráveis. Natural da Vila do Engenho e do Novo Remanso, em Itacoatiara, ele cresceu entre a simplicidade da vida no interior, o carinho da avó Eliza Nobre e os ensinamentos de fé, amor ao próximo e respeito à natureza. Do lado paterno, encontrou no avô Arnaldo Rosas, advogado e servidor público, a inspiração para trilhar o caminho do Direito. “A família Rosas me ensinou a busca pela justiça, o equilíbrio, a dedicação ao servir com amor, a estudar para mudar de vida”, relembra. Foi sob essa iluminação que decidiu ingressar na Defensoria Pública: “Escolhi a Defensoria por vocação e como providência divina para minha salvação pessoal. Se trabalhasse em um lugar que não ajudasse as pessoas, não teria sentido para mim.”
Em 2013, Thiago iniciou sua trajetória na instituição com a primeira lotação na Comarca de Borba, uma experiência que definiu sua forma de atuar. “Um dos aprendizados mais significativos da minha trajetória foi perceber o impacto de visitar os assistidos em suas casas e comunidades. Desde então, levo essa prática comigo em cada local onde atuo”, destaca. A proximidade com a população tornou-se marca da sua atuação, permitindo compreender de perto cada história e construir soluções realmente efetivas.
No contexto amazônico, onde os desafios se somam às longas distâncias, a rotina exige presença constante e dedicação para atender a todas as demandas. “O Amazonas é um continente, e o principal desafio, no meu ponto de vista, é fazer o feijão com arroz bem feito, considerando que as demandas são de todas as ordens e infinitas”, afirma. Para ele, estar presente, dialogar, presidir mediações e atuar na construção de políticas públicas são passos essenciais para garantir uma Defensoria ainda mais acessível à população.
Entre os casos que marcaram sua carreira, o Defensor destaca a atuação na Comunidade Nova Vida, em Manaus. O acordo construído de forma coletiva beneficiou mais de 3.500 famílias, incluindo indígenas de 17 etnias, encerrando um processo de reintegração de posse sem necessidade de ação judicial. “Não precisamos ajuizar sequer uma ação para a resolução do caso, tudo deu-se pela via autocompositiva, que depois encerrou o processo de reintegração coletiva em curso”, relembra. Outro marco foi a criação da Câmara de Mediação e Conciliação da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano, que já solucionou 264 conflitos habitacionais sem recorrer ao Judiciário.
Com fé, dedicação e compromisso social, Thiago Rosas segue firme na missão que escolheu para a vida. Ao refletir sobre o futuro da instituição, reforça: “Acredito que o alicerce da subsistência atual e futura da Defensoria do Brasil se chame autocomposição. Nesse ponto entendo que a Defensoria Pública do Brasil é a única instituição, à luz da dogmática constitucional, com capacidade e vocação para exercer esse papel.” Por fim, o Defensor deixa um recado para quem sonha em seguir o mesmo caminho: “Se você gosta de ajudar as pessoas, se você gosta de pobre, se você entende que sua vida somente tem sentido servindo aos que mais precisam, se você gosta de justiça social, seja muito bem-vindo. Aqui a gente transforma realidades e ressignifica vidas.”