A história da Defensora Pública Isabela Sales é marcada pelo compromisso com a justiça social e a defesa das populações vulnerabilizadas da Amazônia. Sua trajetória profissional é um exemplo de como a educação pública pode abrir caminhos e transformar vidas. Formada em Direito pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Isabela também concluiu o mestrado em Direito Ambiental na mesma instituição. Além disso, acumulou experiência em projetos de pesquisa e na atuação junto a comunidades tradicionais e povos indígenas.
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Isabela integra o projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, onde tem contato direto com povos tradicionais. E antes de ser aprovada no concurso da Defensoria Pública, trabalhou por oito anos no Ministério Público Federal, lidando exclusivamente com questões indígenas e territoriais. Nesse período, percorreu grande parte do Amazonas, acompanhando de perto a dinâmica das ocupações urbanas e a luta de comunidades pela regularização de territórios tradicionais.
O desejo de estar mais próxima das populações vulneráveis e de contribuir para o crescimento de uma instituição jovem e em expansão foi o que a motivou a ingressar na Defensoria Pública. Sua primeira atuação como Defensora ocorreu no interior do estado, nas regiões do Médio Solimões e do Alto Rio Negro. Em São Gabriel da Cachoeira, participou da implantação do Polo Alto Rio Negro, onde desempenhou um papel fundamental na estruturação e funcionamento da unidade. “Foi um grande privilégio exercer esse protagonismo e construir um trabalho que se mostrou extremamente relevante”, destaca.
Um dos grandes desafios de sua atuação foi lidar com um sistema de justiça concebido para uma realidade padronizada, que nem sempre contempla as especificidades dos povos indígenas. Seu trabalho foi essencial para buscar estes entendimentos e garantir a acomodação de costumes e tradições na prática jurídica. Em meio a essas questões, Isabela também se deparou com um problema alarmante: a grande quantidade de pessoas indocumentadas na região. O atendimento para emissão de registros civis tornou-se um dos principais focos de sua atuação, gerando impactos significativos para as comunidades atendidas.
Esse trabalho inovador levou ao reconhecimento de sua equipe com o Prêmio Innovare 2023, na categoria especial Márcio Thomaz Bastos. “Foi uma grande honra para a Defensoria Pública e para a nossa equipe, que sempre se dedicou ao máximo para garantir o acesso à cidadania”, afirma.
Atualmente, Isabela está cedida ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, onde trabalha na Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais. Sua experiência na Defensoria tem sido essencial para enfrentar desafios como o racismo ambiental e a justiça climática, questões cada vez mais urgentes no cenário global. Para ela, é fundamental que a Defensoria se engaje nesses temas e lute pelos direitos das populações mais afetadas pelas mudanças climáticas.
“Os povos tradicionais são os que mais contribuem para a conservação ambiental e, paradoxalmente, são os mais prejudicados por grandes empreendimentos e pela crise climática”, alerta. A atuação de Isabela continua focada em garantir que essas comunidades tenham voz e acesso aos seus direitos, reforçando o papel essencial da Defensoria Pública na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.