A estória da professora, que no primeiro dia de aula desmistificou o preconceito contra negros e povos indígenas, sensibilizou alunos da Escola Municipal Vicente Cruz, nesta quarta-feira (27). Os fantoches manipulados pela Cia InCena apresentaram situações vivenciadas no dia a dia dos jovens de 11 a 15 anos de idade.
A peça revela a falta de percepção das crianças/fantoches como sendo integrantes de grupos sociais e as faz relembrar de momentos em que o preconceito marcou a vida delas e das famílias. O pai do menino Will Smith, numa batida policial, foi o único revistado por ser negro. A menina Mary Sophie foi perseguida junto com a mãe numa loja por serem indígenas.
O presidente da Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Estado do Amazonas (Adepam) enfatizou que o espetáculo faz parte de uma campanha que promove a igualdade social. “A nossa associação nacional (Anadep) desenvolve neste ano a campanha ‘Racismo se combate em todo o lugar’, como forma de estimular o debate sobre este mal chamado racismo. O repúdio ao racismo é um princípio norteador trazido na Cinstituição da República que precisa ser revisitado a cada instante pelas instituiçôes e pela sociedade. A Defensoria Pública, enquanto instituição essencial à promoção da justiça e à defesa dos direitos humanos, tem um histórico de combate ao racismo. A campanha nacional deste ano renova este compromisso de defensoras e defensores públicos, que hoje realizamos por meio desta ação de educação em direitos a crianças e adolescentes”, explicou o presidente Arlindo Gonçalves.
Depois da apresentação, a defensora pública Adriana Ramos esclareceu os direitos de quem se sentir ofendido, oprimido ou tiver sido agredido por causa do preconceito ou racismo. “Se uma pessoa ficar com medo, tiver pesadelos, pode entrar com uma ação de danos morais. Os crimes devem ser registrados por meio de Boletim de Ocorrência (BO), numa delegacia. A gente deve ter muito orgulho de integrar um povo miscigenado. Cada cultura deixou um grande legado para este país”, esclareceu a defensora.
O espetáculo que misturou humor, música e dança levou a reflexão. Os alunos, moradores de bairros, em que moram famílias em situação de extrema vulnerabilidade como Jesus me Deu, Parque São Pedro e Campos Sales, conhecem a dura realidade de quem cresce cercado de estereótipos. “Não é certo ofender, magoar, nem desrespeitar os outros. Se todo mundo fosse gentil, o mundo seria melhor”, afirmou Pedro Henrique Barroso de 11 anos. Já Jaime Souza lembrou que o preconceito e a segregação por causa de uma suposta superioridade não é de hoje. “Hitler já fazia isso, quando mata os judeus, os negros. Ele fazia, mas estava errado. Ninguém é melhor que o outro”, declarou o adolescente de 15 anos.