
Prestes a completar quatro décadas dedicadas à Defensoria Pública do Estado do Amazonas, a Defensora Pública Domingas Laranjeira relembra sua trajetória marcada pelo pioneirismo, pela luta em defesa dos vulneráveis e pelo fortalecimento da instituição.
Formada em Direito em 1981, Domingas iniciou sua vida profissional como assessora jurídica no Instituto de Educação Rural do Amazonas, entre 1983 e 1985. No dia 1º de junho de 1985, foi nomeada Advogada de Ofício pela Secretaria de Justiça do Amazonas, passando a atuar no Departamento de Assistência Judiciária (DAJ).
Com a criação da Defensoria Pública em 1990, seu cargo passou a ser denominado oficialmente como Defensora Pública, um marco histórico que transformou a assistência jurídica gratuita no Estado. “Os desafios foram tantos, que não caberiam em duas folhas de papel. E seguimos enfrentando-os até hoje”, afirma.
A escolha pela carreira foi motivada por sua própria história de vida. Nascida no interior de Roraima, em uma família sem posses, Domingas testemunhou, ainda adolescente, a dificuldade de seu pai ao tentar buscar justiça pelo assassinato de um parente, sem ter recursos para contratar um advogado. “Na ocasião, eu disse a ele que, se existisse um serviço de defesa como o Ministério Público para acusar, seria mais fácil para os vulneráveis”, recorda.
Entre os muitos momentos marcantes de sua carreira, Domingas destaca com orgulho o fato de ter sido pioneira em diversas ações judiciais em favor dos mais vulneráveis nas áreas criminal, cível, trabalhista e federal.
Outro feito de destaque foi sua atuação, como Subdefensora Pública-Geral, para viabilizar o primeiro concurso público para Defensor Público do Amazonas, em 2003. Apesar da falta de recursos, conseguiu articular a realização do certame com o apoio do CESPE, de Brasília, que aceitou conduzir o concurso com os valores arrecadados pelas inscrições. “Deste concurso saíram colegas valorosos, incluindo a atual presidente da Associação e o Defensor Público-Geral”, lembra.
Além disso, foi responsável pela primeira quitação de imóvel do Sistema Financeiro de Habitação junto à Justiça Federal, no ano 2000, mais um exemplo do seu protagonismo em ações inovadoras e transformadoras.
Ao completar 40 anos de carreira, Domingas mantém viva a esperança de ver a Defensoria cada vez mais fortalecida. “Ainda sonho com um Defensor Público de plantão em cada delegacia, garantindo os direitos humanos. Ainda bem que a idade não nos impede de sonhar!”, afirma com entusiasmo.
Para os jovens que desejam seguir a carreira, deixa um conselho sincero: “Que não pensem só no salário e no status, mas que venham dispostos a enfrentar as dificuldades do interior e comprometidos com a população que busca Justiça”, finaliza.