Vida de Defensora Pública: Emilly Bianca e o propósito de estar onde o assistido está, com escuta, coragem e ação

A escolha de Emilly Bianca Ferreira dos Santos pelo curso de Direito surgiu por orientação da mãe, mas foi ao longo da graduação que ela passou a buscar, por si mesma, um sentido maior para sua atuação. Em 2017, ao estagiar no Núcleo de Saúde da DPE-AM, encontrou aquilo que hoje define como sua verdadeira missão. Um atendimento aparentemente simples, a solicitação de fraldas geriátricas por uma senhora para cuidar da mãe, marcou profundamente seu início. “Mesmo como estagiária, percebi que era possível fazer diferença na vida de alguém. Aquilo me tocou de um jeito que nunca mais saiu de mim”, relembra.

Antes de ser nomeada Defensora Pública, Emilly percorreu diversos setores da instituição como residente jurídica, assessora e também na área criminal, o que lhe permitiu observar de perto diferentes formas de atuação. Desde 2022, está lotada no Polo Baixo Amazonas, com sede em Parintins, e atua em comarcas como Barreirinha, Urucará e Nhamundá. Para ela, a realidade do interior exige mais do que conhecimento técnico: exige presença. “Garantir um simples registro de nascimento, em lugares onde as pessoas têm dificuldade até de chegar à sede do município, já é uma mudança enorme. São vitórias que pesam na alma de forma positiva”, afirma.

Entre os casos mais marcantes, destaca-se a absolvição de quatro homens injustamente acusados de homicídio, em Urucará, e também a atuação junto as populações Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexuais, Pansexuais, Não-binários e mais em Parintins, garantindo a retificação de nome e gênero em registros civis. “Cada um desses casos mostra como a Defensoria pode transformar vidas. No caso das retificações, por exemplo, não é só sobre documentos, é sobre reconhecer a identidade de alguém. Isso muda a forma como a pessoa caminha pelo mundo”, explica.

Outro marco de sua trajetória tem sido a atuação da Defensoria durante o Festival Folclórico de Parintins. A equipe participa ativamente do planejamento institucional do evento, realiza atendimentos no turistódromo, fiscaliza as filas das galeras e promove orientações jurídicas à população. “É um momento intenso e simbólico, porque estamos junto do povo em um dos maiores eventos culturais da Amazônia. A cada edição, reforçamos que a Defensoria está onde o povo está”, diz Emilly, com orgulho.

Para além da atuação judicial, a Defensora acredita na força da educação em direitos e na presença constante nos territórios como ferramentas de transformação social. “O futuro da Defensoria passa por estarmos cada vez mais próximos das comunidades, das escolas, das realidades diversas do nosso estado. A gente precisa ocupar esses espaços, com coragem, escuta e compromisso.” E, para quem sonha seguir esse caminho, ela deixa um conselho direto: “Permita-se viver essa experiência. A Defensoria é lugar de entrega e transformação. Aqui, a gente muda histórias todos os dias.”

Deixe um comentário