De acordo com informações do Laboratório de Geoprocessamento da Fundação Vitória Amazônica (FVA), o rio Negro alcançou nesta quarta-feira, dia 3 de julho, a marca de 29,28 metros na régua do Porto de Manaus, um indicativo de que teve início o período de vazante. Tomando como base o começo do processo no dia 26 de junho, quando a lâmina d’água marcava 29,41 metros, as águas têm descido em média 1,71 centímetro por dia.
Segundo Heitor Pinheiro, geógrafo e analista da FVA, o fenômeno sofre influência direta da descida das águas do rio Solimões e do “efeito barramento” do encontro com o rio Negro. “Esse processo de vazante terá seu fim entre os meses de outubro e novembro, quando se iniciará outro ciclo de subida das águas para os rios de regime equatorial. Por outro lado, o acompanhamento das áreas inundadas na Região Metropolitana de Manaus ainda não apresentou mudanças drásticas. Até então as águas baixaram apenas 13 centímetros”.
O início da vazante também marca o início do verão amazônico, com temperaturas elevadas e diminuição do volume de chuvas na região, exceto no estado de Roraima e em porções do município de São Gabriel da Cachoeira, a 852 km de Manaus, um reflexo do distanciamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) para o Norte.
“As chuvas esperadas para os próximos meses são do tipo convectiva (chuvas de verão), ocasionadas pelas altas temperaturas e pelo aumento da evaporação, sendo rápidas e violentas. Com o aumento das temperaturas há também o crescimento no número de focos de calor, resultando em poluição atmosférica e piora na qualidade de vida urbana”, acrescenta Pinheiro. “Com a tendência de um El Niño fraco para o Hemisfério Sul, com 66% de chance de ocorrência e com alteração positiva de aproximadamente 1°C, também é possível a diminuição da umidade relativa do ar nos próximos meses, facilitando o aumento das queimadas”.